Le Successeur de pierre
Critique des médias

 

Actualité de l'auteur

Interviews et portraits

Dialogue avec l'auteur

Facebook

 

 

internetbr.com
Mergulho no Futuro
par Luis Leiria

       

Mergulho no Futuro

     Aos poucos, o tema do ciberespaço vai-se instalando na moderna literatura de ficçâo cientifica. Seguindo o precursor "Neuromancer", de William Gibson, tima nova geraçâo de autores e de obras procurami antever o futuro das sociedades em que o componente virtual terà um espaço cada vez maior.
Acabei de ler aquela que para mim é a primeird obra-prima nesta nova àrea da ficçâo. Trata-se de "Le Successeur de Pierre" ("0 Sucessor de Pedro"), de Jean-Michel Truong, um francês filho de paî chinês do Vietnâ, que publicara jà em 1989 um outro romance, "Reproduction Interdite". Li em francês, e infelizmente nâo lhe conheço ainda qualquer traduçâo. Se você domina a lingua de Voltaire e Balzac, nâo hesite: pode comprà-lo nas boas livrarias virtuais francesas, como a Alapage (www.alapage.com). De qualquer forma, aproveito para dar a dica aos editores brasileiros: publiquem "0 sucessor de Pedro", que é sucesso garantido.
Truong vive atualmente na China, onde presta consultoria a empresas de alta tecnologia. Em 1984 criou a primeira sociedade européia de inteligência artificial, a Cognitech. E é justamente a sua abordagem deste apaixonante tema que mais arrebata na sua obra.
Conheço duas abordagens diferentes da inteligêneia artificial, que receberam os nomes de top-down e bottom-up. A primeira, e mais antiga, é a que parte da tentativa de reproduzir o funcionamento do nosso cérebro em redes neurais, gigantescos programas de computador que raramente conseguem atingir o nivel cerebral de uma formiga. A outra abordagem é a que parte de pequenas màquinas, totalmente burras e inaptas no inicio, mas que aprendem pela sua prôpria experiência a fazer tarefas simples de forma autônoma: caminhar evitando obstàculos, por exemplo.
Mas a abordagem de Truong é um pouco diferente destas duas. Os seres inteligentes do seu livro nâo sâo robôs, nâo têm uma roupagem mecânica ou material; sâo agentes inteligentes que se movem inteiramente no mundo virtual, se reproduzem e vâo aperfeiçoando "geneticamente" as suas caracteristicas. No livro existem os "salmôes", capazes de rastrear implacavelmente a origem precisa de qualquer mensagem ou emissâo na Net; os "farejadores", que buscam qualquer arquivo na Rede (mas com autonomia para ir aperfeiçoando os seus métodos e até mudando os termos de busca), e por ai vai. Hà agentes capazes de, em conjunto e com divisâo de tarefas, penetrar no servidor mais seguro.
"Imaginei seres informàticos capazes de cumprir tarefas especializadas e que se adaptam ao meio, modificando o seu programa inicial", explicou Truong numa entrevista ao diàrio francês Libération. "À partida, cada urn difere figeiramente dos sens congêneres. Os menos eficazes desaparecem, os outros reproduzem-se com mutaçôes. Quer dizer, com uma parcela de codigo um pouco diferente. Sâo por isso seres vivos no sentido estrito: reproduzem-se e evoluem por seleçào. È claro que ainda nâo existem na Web. Mas os primeiros serào sem dùvida os virus mutantes: seres cujo ùnico objetivo serà sobreviver aos ataques dos antivirus".
No livro, o màximo de inteligência artificial é uma comunidade de seres inteligentes capazes de proteger uni garoto hacker, até este se aperceber que o mundo em que vive é totalmente viciado e se lançar a combatê-lo. Porque o mundo desenhado no livro é de pesadelo. Devastado por uma série de epidemias, uma boa parcela do mundo (América do Norte, Europa e Japâo) decidiu optar pela soluçâo dràstica: contacto zero. Ou seja: os seus habitantes sâo isolados por toda a vida em casulos e exercem as suas atividades humanas e sociais exclusivamente pela Web. A esta regra apenas escapa a elite governante e uma pequena tribo de resistentes que opta por ficar no mundo exterior (os No-plugs). Nâo tenho espaço para fazer sequer um resumo desta complexissima e vibrante histôria, mas o horizonte de Truong, é bem pessimista e o seu cenàrio para 2030 é o de um mundo de alta tecnologia mas de pessoas isoladas e manipuladas. Um futuro possivel e aterrorizante.

Luis Leiria

Luis Leiria é diretor interino da revista "Vida Mundial", de Portugal, e ainda nâo perdeu as esperanças de um dia contar com agentes inteligentes que escrevam esta coluna por ele :-).

© internetbr.com.br septembre 1999

retour à la page Critiques Médias